A tomada de posição da Ordem dos Enfermeiros aprovada em Assembleia Geral no passado dia 15 de Março, parece simplesmente uma lista de boas intenções!
Reza o seguinte:
“Assim, e apesar de reconhecer os esforços que têm vindo a ser realizados, a OE, considera que o movimento reformador em curso, anunciado como forma de garantir a sustentabilidade e desenvolvimento do SNS, parece não estar a ser capaz de inverter as vicissitudes que se propunha, impondo-se, por isso, introduzir as adaptações adequadas que nos conduzam ao sucesso.
Há pressupostos estratégicos essenciais ao êxito que urge implementar, dos quais se destaca:
A alteração da matriz organizativa da oferta de cuidados - A prestação de cuidados mantém-se fortemente condicionada pela organização do trabalho médico, em detrimento de respostas centradas no cidadão e baseadas nas competências multiprofissionais e multidisciplinares.
A definição de uma verdadeira política de gestão de recursos humanos - É inadmissível que hajam jovens licenciados no desemprego quando as necessidades não estão cobertas e a qualidade e a segurança dos cuidados não está assegurada. (Esta parece-nos que é a principal via para se conquistar a opinião pública! Sem o número adequado de profissionais a qualidade dos cuidados não pode ser garantida! E os utentes sabem têm conhecimento desta realidade?...)
A utilização dos indicadores disponíveis para assegurar dotações seguras nos serviços de saúde -Atendendo ao diferencial existente entre as horas de cuidados necessárias e as horas de cuidados prestados a segurança dos doentes está posta em causa. Esta situação é de todo inaceitável uma vez que há hoje jovens licenciados no desemprego. (Mas então quem é que define qual o número indicado de enfermeiros? A OE? O Governo? A OCDE?...)
Penso que nem a OE sabe bem o que dizer em relação a este assunto pois afirma o seguinte:
A definição de uma estratégia global de formação na área da saúde que promova o correcto enquadramento do ensino de enfermagem e evite a proliferação desregulada da oferta, nesta área? ( O ponto de interrogação está no documento original!)
Ainda se questionam se é necessário????
Depois a OE sugere ao poder político: Que sejam tomadas as medidas tendentes a cobrir as necessidades em cuidados de enfermagem capazes de garantir dotações adequadas para cuidados seguros;
Quais são então, Sr. Enfermeiros da OE, as dotações seguras? Estão definidas? (vejam o exemplo das especialidades médicas, as quais têm definido o número mínimo de profissionais que devem estar de urgência para que esta funcione!)
Já tentaram ganhar a opinião pública para este tema da segurança dos doentes?
Já definiram qual o número mínimo de enfermeiros com que um determinado serviço pode funcionar de forma a garantir a segurança dos utentes?
As boas intenções não chegam! E que tal a OE ter um departamento de relações públicas, com profissionais desta área e não apenas enfermeiros bem intencionados? Não me digam que as cotas que todos pagamos não chegam...